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Eventos - 16 de fevereiro de 2014

Homenagem a Fernando Santa Cruz

Santa_Cruz

Fernando Santa Cruz nasceu em 20/02/1948, em Recife (PE) e era filho de Elzita Santos de Santa Cruz Oliveira e Lincoln de Santa Cruz Oliveira.

Amigo de infância de Eduardo Collier Filho, ambos militantes da APML, foram presos juntos em Copacabana, no Rio de Janeiro, por agentes do DOI-Codi/RJ, em 23/02/1974, quando faltavam poucas semanas para ter fim o governo Garrastazu Médici. Seu nome integra a lista de desaparecidos políticos anexa à Lei nº 9.140/95.

Era casado com Ana Lúcia Valença Santa Cruz Oliveira, com quem teve um filho de nome Felipe. Tinha vida absolutamente legal e era funcionário do Departamento de Águas e Energia Elétrica, em São Paulo, onde morava com a mulher e Felipe, então com dois anos. Era um sábado de carnaval e a família estava no Rio de Janeiro. Por volta das 15h30min. Fernando saiu da casa do irmão Marcelo, que atualmente é vereador em Olinda, para se encontrar com Eduardo Collier às 16 horas. Deixou no ar a advertência: se não voltasse até às 18 horas, teria sido preso.

Já tinha sido preso uma vez. Em uma passeata do Movimento Estudantil contra os acordos MEC-Usaid, em Recife, no ano de 1966. Como ainda não tinha 18 anos, ficou detido por uma semana no Juizado de Menores. Participou ativamente das mobilizações estudantis de Recife até 1968, quando se mudou para o Rio de Janeiro. Ali, passou a trabalhar como pesquisador na Coordenação de Habitação de Interesse Social da área metropolitana do Grande Rio, do Ministério do Interior. Em 1972, matriculou-se no curso de Direito da Universidade Federal Fluminense, mas em setembro de 1973, mudou-se para São Paulo. Militante da AP, alinhou-se, a partir de 1972, na ala dessa organização clandestina que não concordou com a incorporação da organização ao PCdoB e se manteve estruturada como APML. Sua irmã, Rosalina Santa Cruz, hoje professora na PUC de São Paulo, também foi presa política no Rio de Janeiro, devido a sua militância na VAR-Palmares, sendo alvo de cruéis torturas.

Como parte da perseverante cruzada que manteve durante anos em busca de seu filho, Elzita Santos Santa Cruz Oliveira, endereçou uma carta ao novo chefe da Casa Civil, general Golbery do Couto e Silva, onde relatava todos os passos de sua peregrinação desde fevereiro e fornecem informações bem concretas.

O desaparecimento foi levado também à Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA, com sede em Washington, ao Tribunal Bertand Russel, à Câmara dos Deputados, onde os então deputados Fernando Lira e Jarbas Vasconcelos denunciaram o episódio na tribuna e ainda a dezenas de personalidades históricas do Brasil, entre apoiadores e opositores do regime militar, como Tristão de Athayde, Dom Helder Câmara, os generais Reynaldo Melo de Almeida e Sylvio Frota e os marechais Cordeiro de Farias e Juarez Távora.

Em 07/08/1974, Elzita participou, junto com outros familiares de desaparecidos, de uma audiência com o general Golbery, articulada por Dom Paulo Evaristo Arns. Era a primeira vez que o governo militar recebia os familiares de desaparecidos. Nenhuma resposta foi dada. Apenas sies meses depois, em fevereiro de 1975, o ministro da Justiça Armando Falcão fez um pronunciamento respondendo aos familiares com a cínica informação de que os desaparecidos estavam todos foragidos.

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