Por Antônio Roberto Espinosa
Caras/os companheiras/os,
Creio que a identificação e convocação desses três torturadores para a audiência da CNV a respeito do centro de massacre humano da PE do Realengo já represente um fato histórico de relevância transcendente, embora deva ser possível convocar um numero maior de envolvidos. Os três sabem tudo sobre o assassinato do nosso companheiro Chael e têm muito a elucidar sobre a violência sexual de que foi vitima e sobre as causas da desagregação psíquica da Maria Auxiliadora. O coronel Ari e o capitão Lauria, além disso, têm muito a declarar sobre o envolvimento do alto comando do Exército na prática da violência sistemática do regime contra as oposições, pois chegaram ao alto oficialato e a PE era uma unidade de elite do I Exercito. O capitão Guimarães e o tenente Ailton podem esclarecer como a PE e depois também o DOI-Codi da Barão de Mesquita construíram conexões entre a repressão política e o crime organizado, passando pelo contrabando, o tráfico de armas e o narcotráfico.
Por isso acho de importância capital que nos empenhemos ao máximo para o sucesso de mais essa iniciativa da CNV e saúdo a coragem e o esforço do companheiro Túlio-Calmon. Esforcemo-nos para levantar mais endereços e mais nomes dos integrantes daquele porão da ditadura. E nos mobilizemos, os de fora, para viajar ao Rio e os cariocas para participar do reconhecimento da PE do Realengo. É o mínimo que podemos fazer em honra do nosso companheiro Chael, que perdeu a vida em meio a tormentos terríveis. E o mínimo que podemos fazer para elucidar a forma pela qual foi morto nosso companheiro João Lucas Alves e outros, como virtualmente o Severino Cólon. E para divulgar o que ali marcou de forma trágica o futuro da Chica, Dodora. Nosso sangue continua misturado com o chão daqueles xadrezes e aqueles corredores ainda ecoam nossos espasmos de dor. Ás vezes ainda ouço o chacoalhar de chaves nos corredores, ruído que indicava mais uma sessão de degradação da condição humana…
Indago ainda se alguém se lembrou de convidar o Caetano Veloso e o Gilberto Gil, que também estiveram presos na PE. Lembro-me que, nas sessões de pancadaria e choques elétricos, oficiais torturadores comentavam, entre gargalhadas sinistras, que raparam a cabeça dos dois cantores, em frente à tropa reunida, durante uma execução do Hino Nacional, e incendiaram as cabeleiras numa cerimônia macabra de civismo doentio.
Temos o dever moral e o compromisso com o Chael de fazer com que as investigações a respeito dessas crueldades sejam o mais amplas, profundas e esclarecedoras possíveis.
Um grande abraço a todas/os.
Por Francisco Celso Calmon O secretário executivo da CNV entrou hoje em contato comigo para informar que da lista que enviei, apenas três foram localizados, Capitão Ailton Guimarães, o bicheiro, (não confundir com o tenente Ailton Joaquim Jorge, também não há certeza do nome completo, chefe da S2) cap. Celso Lauria e o coronel Ari de Carvalho. É muito pouco de um total de 13 informados. O Ministério da Defesa não ajuda, a não ser quando todos os dados estão corretos, a CNV pesquisa através de seus profissionais, jornalistas e colaboradores, portanto, o que cada um de nós puder fazer, temos que fazer até terça feira, 14, data limite para enviar convocação etc. Saudações
Emoções – coerência em Osasco Finalmente foi remarcado para 23 e 24 de janeiro. Os agentes de Estado identificados são: Marco Antonio Povarelli; Atilio Rossoni; Walter da Silva Rangel; Paulo Roberto de Andrade; Celso Lauria; Ailton Guimarães. Estes citados acima, a CNV já os identificou, mas não está completa a lista. Faltam oito: tenente Ailton Joaquim Jorge, era o chefe da S2, não só pela função, mas também porque gostava de torturar e de se gabar que era exímio atirador; soldado (engajado) Marcolino (contava que ficava excitado quando torturava); cabo Gilberto, cabo Mendonça, um dos torturadores cruéis do Chael Charles; sargento Machessi; major Lacerda, creio que era o comandante da PE; capitão João Luiz, se não me falha a memória, foi o terror do Reinaldinho; Coronel Ari de Carvalho, creio que era o comandante da Vila. Irão como testemunhas além de mim: Baiardi, Espinosa, Luiz Antonio, Façanha, DaRim. Se alguém ainda tem alguma contribuição, seja com nomes de testemunhas dispostas a comparecer, seja de torturadores e a linha de comando, favor contribuir até segunda, 6, pela manhã.
Abaixo os emails que narram a iniciativa.
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