MANIFESTO POR JUSTIÇA E PAZ
CASO ANTÔNIO MARCOS

Antonio Marcos


Nós, familiares e amigos de ANTÔNIO MARCOS ALVES DE OLIVEIRA, vimos através desta carta-denúncia, manifestar nosso repúdio à violência e divulgar o hediondo crime ocorrido no último dia 22/08. O fato se deu nas imediações do estádio do Maracanã, pouco antes do jogo Vasco x Fluminense.

O caso, já amplamente divulgado, resultou no covarde e cruel espancamento e consequente morte do torcedor vascaíno supracitado, de 31 anos de idade. Marquinhos, como carinhosamente o chamávamos, era pai de uma criança de 11 anos. Por ironia do destino, ele havia saído de casa com o propósito de divulgar uma campanha pela PAZ e respeito entre as torcidas.

Assim como seu tio Antônio Marcos Pinto de Oliveira, o qual foi morto em 1972 pela repressão da ditadura militar, Marquinhos, que recebeu seu nome em homenagem a esse tio, foi cruelmente assassinado.

Antônio Marcos foi vítima de golpes generalizados em sua cabeça, que resultaram na fratura de todos os seus ossos da base do crânio. Pode-se concluir que tal ação covarde e selvagem contou com requintes de sadismo e crueldade tamanhos, a ponto de causar espanto e perplexidade aos médicos que o atenderam. Os laudos clínicos realizados demonstraram a cruel intenção de seu assassinato, pois os golpes foram todos direcionados à cabeça, atingindo áreas letais. Seu falecimento se deu apenas dois dias após a agressão. Quando do anúncio de sua morte cerebral, a família autorizou a doação de seus órgãos, com o conforto de que sua vida, de alguma forma, permanecerá em outros.

Marquinhos era um jovem carinhoso, sempre alegre e demonstrando amizade e doçura para com todos os que o cercavam. Era um ótimo pai e queridíssimo por todos os seus familiares e amigos. Em seu trágico sepultamento pudemos sentir o quanto era carismático, emblemático e estimado por todos da torcida vascaína. Compareceram cerca de 150 pessoas em sua despedida, com tocante e pungente emoção e indignação diante desse bárbaro crime.

Constatamos, diante do ocorrido, que o propalado “Estatuto de Defesa do Torcedor”, é mais uma lei apenas no papel. Não funcionou em um domingo de estádio lotado. Reza a Lei 10.671/0 que “Os Clubes e Entidades são responsáveis pela segurança dos torcedores antes, durante e após as partidas. Devem providenciar policiamento e demais serviços de apoio necessários, bem como implementar planos de ação referentes à segurança...”

Antônio Marcos, arrancado à força de nosso convívio, foi a primeira vítima fatal após o sancionamento da citada Lei. Quantas vítimas de torcedores vândalos ainda teremos? E onde estava o policiamento no momento da agressão?

Não podemos cruzar os braços, nem nos calarmos diante deste crime. Estamos indignados e exigimos JUSTIÇA! Diante da Lei, cabe severa punição para os criminosos, para que as torcidas selvagens não fiquem na impunidade.

Que Antônio Marcos sirva de bandeira na luta por um futebol de alegria e arte, voltando a ser um esporte de PAZ! Por uma sociedade mais justa e humana!

“Quem cala sobre teu corpo, consente na tua morte. Quem grita vive contigo” (M. Nascimento / R. Bastos).

Familiares e amigos de Antônio Marcos Alves de Oliveira
Agosto/setembro/2010

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