25 ANOS: desafios, embates, afirmações...

O capitalismo, com seu poder de gestão sobre as vidas, na contemporaneidade, vem se exercendo – cada vez com mais competência e eficácia – sobre o território latino-americano sob as formas de governo anunciadas como democráticas e populares. As chamadas hoje democracias participativas, que os cantos de sereia do neoliberalismo anunciam como a “possível humanização/reforma” do Estado Capitalista, tentam ignorar que o poder está disseminado por todo o tecido social e não apenas nos aparatos do Estado.

Esquecem que é no campo da micropolítica – atravessada/constituída pela macropolítica – que podemos inserir/afirmar os movimentos de resistência. Os movimentos que tentam, simplesmente, sair da reação, do lugar de vítimas para afirmar outros lugares, outras histórias...

Há 25 anos, em 26 de setembro de 1985, nascia oficialmente o Grupo Tortura Nunca Mais/RJ: data de sua 1ª Assembléia Fundacional. Entretanto, desde abril daquele ano, um grupo de ex-presos políticos e familiares de mortos e desaparecidos políticos reunia-se toda 2ª feira, no Sindicato dos Jornalistas/RJ. Naquele ano, no governo de Leonel Brizola, soube-se da existência de notórios torturadores da ditadura civil-militar brasileira (1964-1985) ocupando cargos de confiança. Contra tais indicações e tornando públicas suas doloridas memórias muitos ex-presos políticos e familiares de opositores assassinados deram seus depoimentos ao governo e à sociedade e, tornaram públicas outras memórias, outra história.

Ao longo desses 25 anos de desafios, embates e afirmações temos resistido ao assédio, cada vez mais cruel e perverso, que se insinua hoje para os movimentos sociais brasileiros. Cada vez se torna mais forte a “ajuda social-financeira” que os governos gestores do capital dão aos movimentos sociais. Sedução, assédio, cooptação, captura... fragilização da potência de afirmação da Vida. Temos resistido e afirmado nossa autonomia e independência de qualquer forma macropolítica de política-partidária e/ou política-governamental.

Temos, portanto, afirmado nossa singularidade, nossa diferença...

E, continuamos afirmando...

Pela Abertura Ampla, Geral e Irrestrita de Todos os Arquivos da Ditadura!

Pela publicização/afirmação de outras memórias.

Para saber onde, como, quando e por quem foram assassinados/desaparecidos centenas de opositores políticos

Pela invenção de outros mundos.

Pela Vida, Pela Paz
Tortura Nunca Mais!

 
Diretoria do GTNM/RJ Setembro de 2010