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Acervo GNTM/RJ - 26 de julho de 2002

II Consulta Latinoamericana y del Caribe sobre Defensores de Derechos Humanos

A Guatemala, onde vários defensores de direitos humanos foram assassinados neste último ano e onde as ameaças têm se intensificado de forma sistemática, foi a sede da II Consulta Latino-americana, realizada entre os dias 23 e 25 de julho passado, no intuito de chamar a atenção das organizações internacionais para a situação de total impunidade neste país.

O Grupo Tortura Nunca Mais/RJ, juntamente com outras 24 organizações de direitos humanos esteve presente, analisando os novos desafios e perigos que enfrentam os defensores na América Latina, principalmente após o atentado de 11 de setembro de 2001.

Constatou-se que as condições de trabalho no nosso continente têm se deteriorado consideravelmente, no último ano. De acordo com a Representante Especial do Secretariado Geral das Nações Unidas para Defensores de Direitos Humanos, Sra. Hina Jilani a América Latina registra um altíssimo número de assassinatos de defensores de direitos humanos ocorridos no último ano.

Na Colômbia a situação é dramática. Entre janeiro e junho deste ano foram assassinados 95 líderes sindicais, o dobro de ativistas assassinados no mesmo período do ano anterior. Os grupos paramilitares e o Estado têm sido os responsáveis pela maioria dessas mortes. Como conseqüência do famigerado “Plano Colômbia”, estamos presenciando um alarmante aumento de ataques de defensores também no Equador.

No Brasil a situação não é diferente. Os assassinatos e as ameaças às lideranças dos movimentos sociais, aos militantes e aos parlamentares dos partidos de oposição continuam acontecendo. Porém, raramente são considerados crimes políticos.

Especialmente no Brasil, na Argentina e no Paraguai, como em toda a América Latina, há uma crescente criminalização e repressão dos movimentos sociais, com dezenas de assassinatos. Na Venezuela, cuja mobilização da sociedade civil impediu o êxito do primeiro golpe de Estado desde 1990, ocorreu uma forte repressão aos movimentos sociais. No México, a violência contra os defensores continua ocorrendo, apesar do governo afirmar o contrário. No Haiti, a segurança desses militantes corre risco crescente e, na Jamaica, os ataques aos ativistas, que denunciam abusos das forças policias, são constantes.

Constatou-se, com grande preocupação, uma tendência à militarização como resposta à gravíssima crise social e política que atinge todos os países do continente. Esse processo, que já vem acontecendo há algum tempo, em conseqüência do atentado de 11 de setembro, está sendo legitimado pelas doutrinas e práticas “anti-terroristas”, estimuladas pelos EUA, que identifica os ativistas políticos com “inimigos internos”, classificando-os como “delinqüentes”. Uma prática comum em todos os países da América Latina tem sido a de aplicar o conceito de terrorismo, para perseguir os movimentos sociais sem jamais fazer menção ao “terrorismo de Estado”, que tantas vidas tem sacrificado na região.

A partir dessas análises, os defensores de direitos humanos elaboraram um plano de ação, sugerindo uma série de propostas tanto para os Organismos Internacionais – Relatora Especial para os Defensores de Direitos Humanos da ONU, Alto Comissariado de Direitos Humanos da ONU, Comissão de Direitos Humanos da OEA e a sua recentemente criada Unidade de Proteção de Defensores de Direitos Humanos – como para os movimentos de direitos humanos da América Latina.

Dentre as várias propostas, salientamos as referentes a estes movimentos como: não recuar da tarefa de defender os atingidos pelas violações de direitos humanos; continuar trabalhando na obtenção de informações sobre os casos, situações e responsáveis destas violações, a fim de melhor embasar as denúncias frente aos governos e aos organismos internacionais; difundir ações internas para garantir que os governos desenvolvam medidas de proteção oficiais; promover a capacitação interna para a proteção e intercâmbios de experiências dentro e entre os países; utilizar todos os mecanismos internacionais de proteção aos direitos humanos.

– Declaração Final –

Segunda Consulta Latino-a

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